Alargando Horizontes

A Vida fala-nos, só temos que aprender a escutá-la

19-04-2015 00:00

 

 

A Vida fala-nos a cada instante. Esta é, para mim, uma aprendizagem recente. A célebre frase “Estava cego e agora vejo” aplica-se! Andei durante tanto tempo tão ocupada a queixar-me da vida, que nunca nada parecia correr de feição, tão absorvida nos meus lamentos interiores - e às vezes exteriores, e bem! -, auto-críticas e julgamentos, que não tinha espaço (na minha capacidade de percepção e no meu coração) para ver... Simplesmente observar… Foi preciso - eu precisei de - um cancro, precedido em pouco mais de 1 mês pela perda física da minha mãe, para eu me permitir (obrigando-me, eu, e não necessariamente o cancro, a) parar. E ficar a observar. A natureza, os animais (os que vivem comigo e os que vivem em estado selvagem), as pessoas com quem me vou cruzando, o que dizem, as situações que acontecem (desde um simples electrodoméstico que ‘avaria’ e depois volta a funcionar…), os pensamentos que vêm, o que sinto no meu corpo quando me aquieto a escutá-lo. Se tenho perguntas (e fui,e vou, tendo algumas…), faço-as e depois espero. E observo. Estou atenta ao que vai aparecendo, dentro de mim e à minha volta. O que tenho visto acontecer tem sido respostas a chegarem; à maior parte das perguntas, não têm tardado muito em chegar. E chegam cada vez mais rápido. As que ainda não chegaram, chegarão quando for a hora para isso. E que bem que sabe! Estar tranquila, 15 minutos que seja, simplesmente observando. Nunca antes tinha sido capaz de apreciar realmente o chilrear de um pássaro ou o seu vôo como agora. Ou o som de água a correr numa cascata (mesmo que pequena e num lago artificial). Ou o nascer do sol e as núvens no céu; este tornou-se até uma espécie de paixão: fotografar o sol, o céu e as núvens. E já lhe sinto a falta quando, por algum motivo, há um dia em que não assisto a esse momento, quando o sol começa a surgir por cima do prédio lá à frente.

Quando estamos receptivos, começamos a ver Vida onde víamos vazio. Quando acalmamos o pensamento e a mente (e ás vezes tem que ser quase à força, mesmo!), abrimos lugar para o coração sentir. E há tanto para ser sentido! Nem tudo será agradável, é certo. Quando começamos a permitir-nos sentir, verdadeiramente, significa sentir tudo, mesmo - e às vezes principalmente - aquilo que nos esforçámos tanto e durante tanto tempo por manter bem longe, laaaá no fundo do ‘armário’. A boa notícia é que, como diz o ditado, “uma mão lava a outra” - atravessando os períodos de maior turbulência e convulsão (desespero, até), além de vermos beleza e harmonia que de outra forma não veríamos, ficamos literalmente mais leves, e uma paz e um amor começam a chegar... Há esperança, sim! Por isso, não se aflijam tanto… E façam por manter a calma! ;-)

Maria João Faria